Introdução
A enxaqueca é muito mais do que uma simples dor de cabeça. Trata-se de um distúrbio neurológico complexo que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, prejudicando a qualidade de vida, a produtividade e as relações pessoais. As crises podem durar de 4 a 72 horas e apresentam dor latejante, muitas vezes unilateral, acompanhada de náusea, vômitos, sensibilidade à luz e ao som e, em alguns casos, alterações neurológicas chamadas de aura. Reconhecer essa condição e buscar tratamento adequado é fundamental para reduzir o impacto das crises no dia a dia.
Fatores de risco e gatilhos
Diversos fatores podem aumentar a chance de desenvolver enxaqueca ou de desencadear uma crise em pessoas predispostas. Entre eles, destacam-se a predisposição genética, já que o histórico familiar é comum nesses casos, além de alterações hormonais, especialmente em mulheres durante o ciclo menstrual. A privação de sono, o estresse intenso, o jejum prolongado e a desidratação também são gatilhos frequentes.
A dieta desempenha papel importante: queijos maturados, chocolates, embutidos, café e vinho tinto são frequentemente relatados como desencadeadores em parte dos pacientes. Mudanças climáticas bruscas, excesso de luminosidade, cheiros fortes e uso excessivo de analgésicos também podem manter a dor em um ciclo vicioso. É por isso que manter um diário de cefaleia ajuda tanto: nele, o paciente anota quando a crise ocorreu, sua intensidade, duração, medicamentos utilizados e possíveis fatores desencadeantes. Isso auxilia o neurologista a identificar padrões e ajustar o plano de tratamento.
Sintomas e sinais de alerta
A enxaqueca se caracteriza principalmente pela dor pulsátil, geralmente de um lado da cabeça, que piora com atividade física de rotina e interfere em tarefas simples. Os sintomas associados incluem náusea, vômitos, fotofobia (incômodo com luz) e fonofobia (incômodo com barulhos). Em parte dos casos, a crise é precedida por aura, que pode se manifestar como visão borrada, pontos brilhantes, linhas em zigue-zague, formigamentos em mãos ou face e até dificuldade para falar.
Apesar de ser uma condição benigna, existem sinais de alerta que exigem investigação imediata: início da dor após os 50 anos, crises que mudam de padrão ou pioram progressivamente, dor acompanhada de febre e rigidez de nuca, alterações de consciência, convulsões, perda de força ou dificuldade para falar. Nessas situações, exames de imagem podem ser fundamentais para descartar outras causas graves.
Diagnóstico
O diagnóstico da enxaqueca é essencialmente clínico, baseado na história do paciente e na exclusão de sinais de alarme. O exame físico e neurológico costuma ser normal. Exames como ressonância magnética ou tomografia só são solicitados quando há suspeita de outra condição, mas não são necessários na maioria dos casos. O acompanhamento especializado permite confirmar o diagnóstico, diferenciar a enxaqueca de outros tipos de cefaleia — como cefaleia tensional ou cefaleia em salvas — e indicar o tratamento mais adequado.
Tratamento
O tratamento da enxaqueca é dividido em duas etapas: abortivo e preventivo. O abortivo é utilizado durante a crise e busca aliviar rapidamente a dor. Inclui analgésicos simples, anti-inflamatórios, triptanos e antieméticos, sendo mais eficaz quando administrado logo no início dos sintomas. Em casos graves, medicamentos intravenosos podem ser utilizados em pronto-socorro.
Já o tratamento preventivo tem como objetivo reduzir a frequência, intensidade e duração das crises. É indicado para pacientes que apresentam muitas crises por mês ou cujas dores são incapacitantes. Entre as opções estão betabloqueadores, antidepressivos tricíclicos, anticonvulsivantes, toxina botulínica para enxaqueca crônica e anticorpos monoclonais anti-CGRP. A escolha da medicação depende do perfil do paciente, das comorbidades e dos possíveis efeitos colaterais.
Além do uso de medicamentos, medidas não farmacológicas desempenham papel central no controle da enxaqueca. Manter rotina regular de sono, praticar atividade física moderada, manter hidratação adequada, reduzir o consumo de álcool e cafeína e adotar estratégias de manejo do estresse são medidas eficazes para reduzir o risco de crises.
Convivendo com a enxaqueca
Aprender a lidar com a enxaqueca envolve reconhecer gatilhos pessoais, adotar hábitos saudáveis e ter acesso rápido ao tratamento durante a crise. O acompanhamento regular com o neurologista permite ajustar a medicação, reduzir o uso excessivo de analgésicos e orientar estratégias de prevenção individualizadas. Com tratamento adequado, a maioria dos pacientes consegue controlar a enxaqueca, retomar atividades diárias e melhorar a qualidade de vida.
Conclusão
A enxaqueca é um desafio, mas não precisa ser um obstáculo permanente. Identificar os sintomas, reconhecer sinais de alerta e buscar acompanhamento especializado são passos fundamentais para reduzir o impacto da doença. O tratamento moderno e a mudança de hábitos permitem um controle eficaz, transformando a rotina de quem convive com a condição.
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