Neurite Óptica e Mielite Transversa: O Que São e o Risco de Doenças Desmielinizantes
O Sistema Nervoso Central (SNC) – que engloba o cérebro, o nervo óptico e a medula espinhal – é revestido por uma capa protetora chamada mielina, que permite a rápida condução dos impulsos nervosos. As doenças desmielinizantes ocorrem quando o sistema imunológico ataca essa mielina, causando inflamação e interrompendo a comunicação neural. A **Neurite Óptica** e a **Mielite Transversa** são manifestações agudas e alarmantes desse processo, e frequentemente são o primeiro sinal de condições crônicas como a Esclerose Múltipla (EM) ou a Neuromielite Óptica (NMOSD), doenças que exigem diagnóstico imediato e manejo especializado de um neurologista. A Dra. Carolina Alvarez detalha a urgência e a complexidade do diagnóstico dessas síndromes desmielinizantes.
Neurite Óptica: Perda de Visão e Dor Ocular Como Sinais de Alerta
A Neurite Óptica é a inflamação da bainha de mielina que envolve o nervo óptico, o cabo que leva a informação visual do olho para o cérebro. A inflamação prejudica a transmissão do sinal, resultando em:
- **Perda de Visão Súbita:** Tipicamente em um olho, variando de uma visão turva a uma perda quase total.
- **Dor Ocular:** A dor costuma ser intensa e piora com o movimento do olho.
- **Perda de Visão Cromática:** Dificuldade em perceber cores, que podem parecer “desbotadas”.
Embora a Neurite Óptica possa ser uma ocorrência isolada, ela é um dos sinais de alarme mais comuns para o diagnóstico de Esclerose Múltipla. O neurologista investiga a presença de outras lesões desmielinizantes silenciosas no cérebro por meio da Ressonância Magnética (RM).
Mielite Transversa: Fraqueza e Dormência que Exigem Urgência
A Mielite Transversa é a inflamação de um segmento da medula espinhal (o “cabo elétrico” que conecta o cérebro ao corpo). A inflamação atravessa (transversa) a medula, bloqueando os sinais nervosos. Os sintomas são súbitos e graves:
- **Fraqueza Muscular:** Paraparesia ou paraplegia (fraqueza ou paralisia das pernas).
- **Dormência e Parestesia:** Alterações de sensibilidade, como formigamento ou sensação de “faixa apertada” no corpo.
- **Disfunção Vesical e Intestinal:** Incontinência urinária ou retenção, e constipação.
A Mielite Transversa é uma urgência neurológica, pois a inflamação pode causar dano permanente à medula. O tratamento com altas doses de corticoides deve ser iniciado rapidamente para reduzir a inflamação e preservar a função neural.
O Diagnóstico Diferencial: EM vs. NMOSD vs. MOGAD
O maior desafio do neurologista ao tratar uma Neurite Óptica ou Mielite Transversa é determinar a causa de base. O diagnóstico diferencial é crucial, pois o tratamento a longo prazo dessas condições é completamente diferente:
- **Esclerose Múltipla (EM):** Doença autoimune crônica que causa lesões desmielinizantes em diferentes áreas do SNC (cérebro e medula) em diferentes momentos.
- **Doença do Espectro da Neuromielite Óptica (NMOSD):** Condição mais rara e grave, com forte tendência a afetar o nervo óptico e a medula espinhal, geralmente associada ao anticorpo **Anti-Aquaporina-4 (AQP4)**.
- **Doença Associada a Anticorpos Anti-MOG (MOGAD):** Uma condição recentemente reconhecida, com anticorpos contra a Glicoproteína de Mielina de Oligodendrócito (MOG), que pode causar Neurite Óptica e Mielite.
A Dra. Carolina Alvarez utiliza a **Ressonância Magnética**, a análise do **Líquor Cefalorraquidiano** (LCR) e, principalmente, a pesquisa de **anticorpos específicos (AQP4 e Anti-MOG)** no sangue e/ou LCR para fechar o diagnóstico e iniciar a terapia imunossupressora correta.
O Tratamento Agudo e a Terapia de Prevenção de Recorrências
No episódio agudo (Neurite ou Mielite), o tratamento padrão é a **Pulsoterapia com Glicocorticoides (Corticoides intravenosos)** para reduzir a inflamação rapidamente. Em casos refratários, pode ser necessária a **Plasmaférese**. Após a recuperação da crise, o foco se volta para a prevenção de novos ataques. O neurologista especializado em doenças desmielinizantes prescreve medicamentos imunomoduladores ou imunossupressores (os chamados *DMTs – Disease-Modifying Therapies*), que são específicos para cada doença (EM, NMOSD ou MOGAD). O acompanhamento contínuo e a escolha da terapia correta são a chave para preservar a função neurológica do paciente a longo prazo.
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